O Ano da Serpente

Desta vez ela resolveu comemorar o ano novo pelo calendário chinês, 10 de fevereiro de 2013. O ano só começa mesmo depois do carnaval. Terça-feira é dia 12, o ano novo chinês fica bem próximo. O fato é que Fernanda se sentia fora do tempo. Após a correria do final do ano, estava estagnada naquele vai-não-vai, quando tudo parecia querer não acontecer. Como se a vida tivesse apertado stand by e ela não encontrasse o play. A culpa só podia ser de algo maior, os astros, o calendário ocidental. Ele encerra o ano na data errada, próxima do solstício, e o natural seria o equinócio, data do retorno da luz. Para complicar, na América do Sul as estações estão trocadas, estamos sempre em descompasso com o que acontece no lado mais populoso do mundo. Eles no inverno, nós no verão, eles na primavera, nós no outono. Mas o pior era este pedaço de tempo perdido entre o ano novo e o carnaval.

Mas este ano seria diferente. Começou por uma grande faxina na casa. Eliminar a sujeira, roupas velhas, objetos quebrados. Abrir espaço para o novo, este conselho era recorrente nos livros de feng shui, a antiga arte chinesa de harmonização de ambientes. Será que finalmente ela viajaria ao exterior? Ah, se aquele projeto vingasse! Queria estar preparada para o Ano da Cobra de Água. A serpente, na mitologia chinesa, é um símbolo de flexibilidade e sabedoria. Por ser ano de água, exige contenção. A água precisa ser contida, e toma a forma do recipiente que a contém. Casa arrumada, resolveu convidar uma amiga para ir às celebrações. Telefonou para Luísa:

—Pô, Fernanda, hoje não dá. Cinema na quarta?

Aceitou o cinema e telefonou para Juliana. Ela iria sair com o namorado. Combinaram uma happy hour na quinta. Seguiu procurando companhia. Deu uma vontade de ligar para o Jorge. Jogou o celular na bolsa e saiu apressada. Quando voltasse, faria uma limpeza virtual: revisão nos contatos de celular e amigos de redes sociais.

Chegou ao bairro da Liberdade e foi fazer a oferenda aos ancestrais, queimando lingotes de papel. Na hora de comer, procurou o macarrão que emagrecia, receita da Nigela. Saboreou o bifum, que completou com tempurá e banana caramelada de sobremesa. Seguiu passeando pelas tendas, até que leu um cartaz:Consulta ao I Ching, preços populares. I Ching, ou Yi Jing, como preferem os chineses, é um oráculo chinês que traz orientações, ao invés de previsões sobre o futuro. Entrou na fila.

Após dez minutos, foi convidada a entrar numa sala com quatro mesas. Em cada uma delas, alguém era atendido. Sentou-se na cadeira vazia, e um homem perguntou em voz baixa:

— Varetas ou pedras?

Ela não entendeu.

—Para a consulta, quer usar varetas ou pedras?

Ele mostrou a Fernanda um punhado de varetas de bambu e uma sacola com pedras brancas, lisas, todas do mesmo tamanho.

—Achei que usassem varetas ou moedas…

— Também se usa pedras. O cálculo é o mesmo feito com as varetas.

—As varetas são de miefólio? — ela perguntou, querendo ostentar conhecimento.

— Não, de bambu.

— Então pedras — escolheu apontando o indicador.

— Alguma questão específica, ou uma orientação geral para o ano?

Ela pensou um pouco.

— Orientação para 2013.

Ele ficou em silêncio e começou o ritual de consulta. Enquanto o senhor manuseava as pedras, ela foi se acalmando, o barulho delas batendo umas nas outras era relaxante. Se no começo ela estava ansiosa e queria logo ouvir a resposta, quando o senhor terminou os cálculos, ela se sentiu interrompida de seu devaneio.

— Pronto! Hexagrama seis, quarta linha. O céu sobre a água, a imagem do conflito.

Ele abriu um livro grosso, com a capa surrada, e leu três ou quatro frases, em linguagem poética e cifrada, depois comentou. A natureza do céu é ascendente, a da água, descendente. Um símbolo de desencontro. Ela estava sendo teimosa. Suas emoções, água, a arrastavam para a direção oposta à vontade dos céus. Também representava uma situação de onde o poder, a força do céu estava oposta ao perigo e à astúcia da água. Outra interpretação era de uma pessoa com astúcia em seu interior e forte decisão exterior. Uma pessoa assim provoca conflitos, ele explicou.

O que faria? Ela mal conseguiu perguntar. A orientação do oráculo era de evitar grandes empreendimentos, buscar a conciliação, rever sua conduta e aceitar seu destino. Ela caminhou desanimada em direção à porta, enquanto ao seu lado um rapaz se sentava e escolhia as varetas para a sua consulta.

Fernanda estava revoltada. Isso era lá era mensagem? Cadê aquela conversa amena de fortuna e prosperidade? E ainda tinha pagado por isso! Este novo começo de ano estava pior que o anterior, do primeiro de janeiro. Melhor esperar passar o Carnaval. Pacientemente. Mas Fernanda não conseguia evitar.

Astuciosa, como assim? Talvez ela tivesse se esquecido de mencionar que a ideia do projeto não foi sua. Talvez tivesse esperança de ir para o exterior graças ao projeto. Talvez não fosse bem esquecimento, mas não chegava a ser intencional. Talvez achasse injusto que uma funcionária mais nova, sua subordinada, ficasse com todo o crédito. Talvez estivesse diminuindo a contribuição da colega e se mostrasse como a dona do projeto. Talvez Fernanda não fosse mesmo a dona da ideia, como nunca chegou a dizer, mas sempre dava a entender. Talvez isso fosse uma forma de mentir. Talvez estivesse inconscientemente planejando puxar o tapete da subalterna. Talvez devesse esclarecer que a ideia não era sua, mas que afinal incentivou, apoiou, coordenou o projeto. Talvez isso fosse difícil, embaraçoso. Talvez fosse melhor não ter feito consulta nenhuma ao oráculo. Talvez fosse tarde demais e não conseguisse fingir que não percebia o que estava fazendo. Talvez seu rosto estivesse molhado, não por lágrimas, mas por causa da chuva que começava a cair. Talvez fosse melhor ir embora.

Fernanda correu para o estacionamento, correu para a casa, correu para o chuveiro, correu para a cama. Estava sem fome e queria dormir mais cedo, sonhar até, ou ao menos esquecer. Mas demorou a dormir, não queria olhar as horas, pois sabia que era tarde. Era tarde demais para fingir que seu comportamento era absolutamente normal, que não entendia o que estava rolando no trabalho. Não, ela precisava dormir tranquila, acomodar a cabeça no travesseiro e não ver o rosto daquela moça sendo enganada, roubada dos méritos do seu trabalho. Não havia alternativa, estava decidido. Na manhã da Quarta-feira de Cinzas, conversaria com seu chefe, mencionaria casualmente que o projeto foi ideia da subordinada. Depois, esperaria pelo que mais lhe reservava o Ano do Serpente.

Fotografia: Mauro Luna

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A dor e a razão

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Três patas, terminaria o ano com apenas três patas, ainda que cachorros não saibam contar até quatro nem olhar para os lados antes de atravessar a rua, ainda que desconheçam os conceitos de atropelamento e amputação, e o zero seja uma abstração matemática de compreensão inalcançável ao cérebro canino, a cachorra era capaz de sentir o vazio e o desencanto e o descompasso ao claudicar, e ao contrário do que acreditam os incrédulos, a cada noite sonhava ter outra vez quatro patas.

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Avis Rara

Imagem: Gabi Gil

O único hétero da sala. No primeiro dia de aula, curtiu. Concorrência zero, vou me dar bem. Fantasiou que seria disputado pela mulherada, escreveu lista de prioridades. Não rolou. Uma a uma, suas investidas malograram. Enfim, percebeu: não havia parceira disponível. Era o único hétero da sala.

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Sábado no Shopping

Só mesmo um louco arriscaria ir ao shopping na véspera do Dia das Mães. Ou alguém muito desorganizado a ponto de deixar para comprar o presente na última hora, mesmo sabendo que as conseqüências seriam trágicas. Pode me incluir na categoria que achar melhor.

O estacionamento do shopping, é óbvio, estava lotado. Encontrar vaga era uma luta. Mas o que tornava a situação mais desesperadora era que eu estava louco para ir ao banheiro. Se procurar vaga em estacionamento já é irritante, imaginem como eu me sentia. Em vão minha mulher tentava me acalmar:

—Calma, logo a gente acha uma vaga.

Depois de muita luta, trocas de olhar feio, caretas e xingamentos, finalmente consegui estacionar. Não venci, entretanto, a guerra, apenas a primeira batalha.

A segunda foi a fila do elevador. Meu Deus, como demorou! E quando chegavam, estavam sempre lotados. No desespero, nos enfiamos num deles. Estava tão apertado quanto o metrô às seis da tarde, linha leste-oeste. Apesar de tudo, consegui não explodir.

Descemos no primeiro andar com lojas, minha mulher ficou olhando vitrines enquanto eu corri para o banheiro. Quando estava mais aliviado, percebi um barulho de salto alto se aproximando. Toc, toc, toc. Uma louca entrou no banheiro dos homens! Coitada, devia estar desesperada, sei como é. Mas, ao contrário do que eu esperava, ela andava tranquila. Vi seus pés quando passou em frente à minha cabine: sapato preto, alto, dedos para fora, unhas pintadas com esmalte escuro e avermelhado. Uma questão: por que, nas cabines de banheiro, as portas não vão até o chão, deixam aquela abertura embaixo?

Este momento de reflexão foi interrompido pelo barulho da porta se abrindo: chegava alguém. Que dó — pensei— a mulher de salto vai pagar o maior mico. Pois ela não ligou, nem se mexeu, continuou parada em frente à pia. O cara de tênis passou por ela sem dar atenção. Que estranho! O pé dele era muito pequeno, só se fosse um garoto. Contudo, prestando mais atenção, concluí que o modelo de tênis era feminino. Logo, era mais provável que eu estivesse no banheiro feminino do que duas mulheres no banheiro dos homens. Havia, porém, outro detalhe: este sanitário não tinha mictório, o que é raríssimo em banheiros masculinos.

Se eu quisesse evitar confusão, devia esperar que elas saíssem. Primeiro saiu a garota de tênis, depois foi a mulher de sapato alto. Toc, toc, tchau, tchau, toc, toc. Preparado, não perdi um segundo, mas só consegui dar três passos antes de ver a porta se abrindo e correr para outra cabine. Eram agora duas mulheres, uma com tamanco de madeira, outra de sandália de couro. Conversavam animadas sobre uma tal Marina, que estava gorda, acabada e tal, que o marido dela, apesar de enxuto, estava ficando careca, e ela estava ridícula com aquela roupa. Tudo isto intercalado com perguntas sobre o cabelo uma da outra, maquiagem, e respostas enfaticamente positivas. Então é isso que elas falam no banheiro?! Eu me senti decepcionado, pois embora elas também falem dos homens, o assunto principal são elas mesmas, mulheres, roupas, acessórios, ou melhor, como as outras se vestem mal.

Neste meio tempo entrou uma terceira mulher, mas, distraído com a conversa das duas, não percebi se ela havia saído ou ainda estava no banheiro.

De uma hora para outra, as mulheres começaram a falar baixinho e os quatro pés apontaram para minha cabine. Então, o silêncio. Meus sapatos masculinos haviam me denunciado. Tão logo elas saíram do banheiro, decidi fugir, pois as duas com certeza foram chamar a segurança. E se a terceira mulher ainda estivesse lá dentro? Precisei arriscar… e tive sorte.

Nos corredores do shopping, percebi que eu era um alvo fácil: meus sapatos, de alguns anos atrás, estavam fora de moda e não havia par algum igual ao meu circulando por ali. Maldito consumismo. Após elas terem demonstrado o poder de observação feminino, eu sabia que seria facilmente localizado. Mas quem me encontrou primeiro foi minha mulher:

—    Você demorou… Está passando mal?

—    Já estou bem — respondi — e preciso comprar um sapato novo.

Ela, bastante surpresa, me acompanhou. Dentro da loja, enquanto experimentava sapatos, expliquei à minha mulher o que havia acontecido. Ela se divertiu:

—    Eu falei tanto, mas não adiantou, só assim para você comprar outro sapato.

Saímos da loja abraçados, eu calçando sapatos novos. A aventura, entretanto, não havia terminado, pois faltava ainda comprar os presentes para o Dia das Mães.

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Dos Medos o Menor – Lançamento

Participo da coletânea de contos Dos Medos o Menor, que será lançada pela Terracota Editora, no dia 08 de dezembro de 2012.Estão todos convidados!

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Corra, menina

Quando entrou no quarto da filha, encontrou a cama vazia. Sete horas da manhã, e já levantou? No quarto arrumado, a mãe só deu falta da mochila. Devia ter ido ao colégio mais cedo. Mas chegou a hora do almoço e Carolina não apareceu. O telefone tocou, era o namorado perguntando por que ela tinha faltado à aula.
Acionaram a polícia, vizinhos, amigos, familiares. Procuraram por toda a cidade.
Pela estrada afora, ela seguia sozinha. Soltou os cabelos, desabotoou a camisa e deu um nó nas pontas, deixando a barriga à mostra. Estendeu o braço e levantou o polegar em sinal aos carros que passavam. Em pouco tempo já estava dentro de um carro esporte, onde o motorista esbarrava em sua coxa toda vez que mudava de marcha.
— Qual é o seu nome?
— Verônica.
Esperou que ela perguntasse o dele, mas ela não deu atenção. Ele insistiu na conversa.
— Quantos anos você tem?
— Dezoito, respondeu, aumentando um ano.
Quando ele parou para abastecer o carro, perguntou se ela queria alguma coisa. Ela recusou, mas quando estavam prontos para seguir viagem, pediu que ele comprasse sorvete e preservativos. Ele saiu do carro.
Verônica aumentou o volume do rádio, deu partida e saiu cantando os pneus. Era a primeira vez que ela roubava um carro. Esta noite eu quero dançar!

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1º Sarau do Coletivo Claraboia

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Memória Implacável

Fotografia de Vânia Kosta

Quem bate esquece; quem apanha, não. Mas eu não aceito. Como você não se lembra de mim? Você mal entrou na sala… está tão diferente, salto alto, cabelo preso, óculos. Óculos, você achava tão engraçado, mas agora eles te dão um ar sério, profissional, adequado a uma entrevista como essa. Você aparece assim mudada, mas não tive tempo de não te reconhecer, porque as lembranças me agarraram pela garganta e me sufocam. Qual foi seu primeiro colégio? Pergunto logo de saída, para provocar a tua memória. Se você se lembrar, eu te perdoo e saio do caminho. Você estranha um pouco, responde rápido e espera uma pergunta mais objetiva. Quero te ajudar, basta que se lembre. Será difícil? Pergunto pela sua primeira professora. Você tenta se desvencilhar, mas eu insisto. Meus colegas estranham, talvez eu esteja mal humorado. Peço que você comente mais, fale como era sua sala, seus colegas, se tinha muitos amigos… Mas você ainda não se lembra. O que mais tenho que perguntar? Se você se lembra do bilhete que te mandei? Aquele que você riu e mostrou para sua amiga. Claro que não lembraria, em uma semana acabaram os risinhos e voltei novamente a não existir. Mas eu exijo que você se lembre, por isso monopolizo a sua atenção. Faço perguntas técnicas, exploro sua insegurança. Tudo o que preciso é que você me encare e me reconheça. Mas você se recusa, se confunde, olha para o chão ou para as mãos que se apertam, nervosas. Olhe para mim quando eu falar com você — deixo escapar em voz alta. Meu colega à direita tenta amenizar, o clima está tenso demais. Faz um elogio e uma pergunta amistosa. Que você comente as experiências positivas no emprego anterior. Eu volto para a batalha e disparo: quais os seus três piores defeitos? Do seu chefe? Da empresa? A essa altura, já perdi minhas esperanças, e você perderá as suas. Por que foi dispensada? Só por isso? Tem certeza? Fale três coisas que seus colegas ou chefes costumavam reclamar sobre você. Não adianta, eu não queria te queimar, mas você não me deu outra escolha. Sei que você vai chorar ao sair da sala. Você mal está se segurando. E desta vez, mesmo sem saber meu nome, você vai se lembrar de mim. Porque quem apanha, meu amor, nunca esquece.

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2º Semestre – Espaço Dança da Realidade

Workshop 1:
Vivência Prática: Auto-massagem e alongamento
Esse workshop visa melhorar a consciência corporal, por meio de dinâmicas simples de meditação e auto-massagem.
Ministrado por Francisco Madureira
Dia 16/08 – Quinta-feira.
Horário: das 19h30 às 21h.
Vagas: 20
Quanto:R$15,00
Material necessário: roupas leves.

Workshop 2:
Vivência Corporal
Com base na meditação, respiração e alongamentos esse workshop visa, com exercícios e dinâmicas corporais, trazer aos participantes autoconhecimento e relaxamento corporal. Indicado para alívio das dores e do estresse.
Ministrado por Francisco Madureira e Suzete Antunes.
Dia 25/08 – Sábado
Horário: das 14h às 18h
Vagas: 20
Quanto: R$ 50,00
Material necessário: roupas leves, lençol e toalha de rosto.

Workshop 3:
Massagem nas Costas e nos Pés (Para iniciantes)
Esse workshop destina-se àquelas pessoas que querem conhecer e ter um primeiro contato com a arte da massagem. Com técnicas práticas e simples o participante poderá atender amigos e familiares.
Ministrado por Francisco Madureira
Dias 13/09 e 20/09 – Quintas-feiras – 2 encontros.
Horário: das 19h30 às 21h30
Vagas: 16
Quanto: R$ 150,00
Material necessário: 2 lençóis e roupas leves.

Workshop 4:
Desperte o seu potencial criativo
Esse workshop tem como base as ideias de autores como: Roger Von Oech, Alejandro Jodorowsky, Rollo May, Edward De Bono e Amit Goswsmi. Através de vivências e práticas diversas os participantes poderão compreender que o que temos de autêntico é o que nos torna mais criativos. Se formos criativos e autênticos podemos dar ao mundo o que há de melhor em nós.
Ministrado por Daniela Pinotti e Marcelo Maluf
Dia: 22/09 – Sábado
Horário: das 14h às 17h.
Vagas: 20
Quanto: R$ 20,00

Workshop 5
Viaja dentro de ti – despertando a consciência de Si mesmo.
Workshop para iniciar o participante na jornada do autoconhecimento, com práticas corporais, escrita terapêutica, entre outras vivências para despertar a consciência de si mesmo.
Ministrado por Daniela Pinotti e Marcelo Maluf
Dia: 20/10 – Sábado
Horário: das 14h às 17h.
Vagas: 20
Quanto: R$ 20,00

Curso 1:
Fantasia, Mistério e Aventura
na arte de escrever histórias para jovens leitores

Como escrever histórias de aventura, fantasia e mistério para jovens leitores?
Caminhos, descaminhos e possibilidades narrativas.
O curso tem por objetivo desvendar o imaginário fantástico na literatura infanto-juvenil e juvenil. Trilhar o caminho de grandes narradores nesses gêneros a fim de revelar estruturas e segredos da ficção de fantasia, aventura e mistério, tendo como foco a prática da criação literária, a análise dos textos produzidos e o desbloqueio do imaginário fantástico por meio de propostas de criação para narrar uma boa história. E ainda, outros temas do curso: Seguindo os passos do herói. Algumas experiências dos surrealistas: o universo dos sonhos e dos símbolos e os exercícios de imaginação de Alejandro Jodorowsky.
Ministrado por Marcelo Maluf

8 encontros
Dias: Terças-feiras: das 19h30 às 22h00.
Quando: 11, 18, 25 de setembro e 02, 09, 16, 23 e 30 de outubro.
Vagas: 15

A quem se destina: escritores em formação, aspirantes ao ofício, para quem já escreve, mas quer desbravar os caminhos do imaginário fantástico na literatura, para quem deseja desbloquear sua escrita criativa e interessados em geral em literatura infanto-juvenil e juvenil.
Quanto: Investimento total: R$ 375,00 – podendo ser parcelado em até 3 vezes de R$ 125,00. (Cheques pré-datados)
ou R$ 330,00 à vista.
Formas de pagamento: cheque, dinheiro ou depósito bancário.

Curso 2:
Shiatsu e Zen-shiatsu
Esse curso destina-se a terapeutas corporais em formação ou mesmo àqueles que querem aprimorar suas técnicas em Shiatsu e Zen-shiatsu.
Ministrado por Francisco Madureira e Suzete Antunes.
Dias: de 04/10 a 13/12 – 10 encontros – Quintas-feiras
Horário: das 19h30 às 22h
Vagas: 16
Quanto: R$ 600,00 em até 3 x de R$ 200,00 (cheques pré-datados) ou R$ 550,00 à vista.

O Espaço Terapêutico Dança da Realidade apresenta:
Vida e Obra de Alejandro Jodorowsky
Com Daniela Pinotti
Este evento tem por objetivo apresentar a trajetória e as ideias do psicomago, escritor, cineasta e tarólogo, Alejandro Jodorowsky.
Quando: 19/09 – Quarta-feira
Horário: das 19h30 às 21h.
Vagas: 25
Quanto: R$ 10,00

· Todas as atividades necessitam de inscrição antecipada pelo e-mail:espacodancadarealidade ou pelo telefone: (11) 32050912.
· Todas as atividades incluem Coffe Break e Certificado.
Falar com Daniela ou Marcelo.

http://www.espacodancadarealidade.com

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A Porta

Imagem: Slimmer Jimmer

A dor cobria todo o seu corpo. Acima de tudo, lhe doía a cabeça. Tentou abrir os olhos, mas não conseguiu. Não, conseguiu, mas foi como se não tivesse conseguido. Sentia o movimento das pálpebras, mas nenhuma imagem surgia. Levantou a mão direita em direção aos olhos e os tocou. Eles ainda estavam lá, se mexiam, piscavam, só não viam.

Onde estaria? O braço esquerdo parecia preso, com a mão direita livre adivinhou um cordão de borracha, que terminava num esparadrapo colado em sua pele. O corpo coberto por um fino lençol, e sustentado por um colchão. Devia estar num hospital. Os colares, pulseiras, a roupa apertada com que saíra de casa… disso tudo, nem sinal. Somente aquela escuridão e a dor, mais forte na cabeça e no abdômen, mas que se espalhava. Que hora deveria ser? Faltaria muito para amanhecer? Mas não era o véu negro da noite, da noite cansada por onde costumava perambular, por onde gastava o salto alto do sapato número 42. Era um verde escuro, acinzentado, nuvem de fumaça densa e sufocante.

Levantou outra vez a mão livre, e percebeu a cabeça enfaixada. De alguma forma, sobreviveu. A memória e o pânico o assaltaram. Corria, o pequeno canivete na mão, mas eles eram quatro, e tinham barras de ferro. Um chute, quase morreu por causa de um chute. Uma porta amassada. A vida de um pobre não vale uma porta de carro.

Estava na esquina, esperava aparecer um cliente. Ouviu a buzina e os gritos e jorrou o jato do extintor. Não era a primeira vez que esvaziavam um extintor em cima dele. O corpo e a roupa sujos, os xingamentos, a noite que terminava antes da hora, o dinheiro que não ganharia. Desta vez, o susto e a raiva dispararam o pontapé no meio da porta.

O carro parou cinquenta metros à sua frente. Um deles desceu, olhou a porta, gritou “puta que o pariu”, entrou no carro. O carro deu ré. Ele tirou o canivete na bolsa. O carro parou ao seu lado. Desceu um, e dois, e três, o último com duas barras de ferro nas mãos. Passou uma das barras para o primeiro. Agora é corro ou morro. Ele correu o máximo que pode. Os gritos se aproximaram, veio a dor aguda na cabeça e a luz se apagou. Para sempre.

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